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IN FOCO Espaço Público

Para uma nova geografia do Comum

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Chamada de vídeos-testemunhos

​Envie-nos o seu testemunho sobre como utilizou o espaço público durante os vários momentos da crise pandémica.

 

Os vídeos enviados serão publicados nas redes sociais do Urbanólogo com o objetivo de estimular um debate sobre a utilização do espaço público.

 

Mostre-nos que espaço público mais utilizou durante a pandemia!

Narre-nos como o utilizou!

​ Roteiro para o vídeo:

Por que gosta deste espaço?

Que tipo de atividades / Como o utiliza?

Já utilizava este espaço? / Por que passou a utilizá-lo?

Com a pandemia, o que é que mudou, na cidade e na forma como vivemos os espaços públicos?

 

Regras do vídeo:

  • 1-3 min.

  • gravado com o telemóvel

  • gravado no espaço público (parado ou em movimento).

  • Espaço público urbano ou suburbano que mais utilizou durante a pandemia.

  • A pessoa não aparece, apenas a sua voz.

  • Evitar que as pessoas sejam identificáveis.

  • Qualquer cidade é válida.

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Envie o seu vídeo para:

urbanologopt@gmail.com

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Colaboradoras convidadas: Alessia Allegri e Rita Ochoa

O espaço publico é onde tem lugar a vida urbana. Deve ser inclusivo - “para tod@s” - e acessível - “por tod@s”.

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As imposições de confinamento decorrentes da pandemia da Covid 19 e impostas entre março e maio de 2020 vieram evidenciar a importância do espaço público nas cidades. Perante restrições e distanciamentos físicos obrigatórios, as dinâmicas de utilização do espaço mudam e as suas apropriações são alteradas.

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Enquanto alguns espaços são provisoriamente desativados (parques infantis, campos de jogos de bairro, bancos de jardins e até, naturalmente, espaços de grande afluência), outros – muitas vezes mais informais, mais pequenos e fundamentalmente mais próximos de casa – são (re)descobertos e (re)interpretados com novos usos (green spaces/re-promoção de agriculturas urbanas, picnics). A restrição das atividades diárias (que devido à segunda vaga da pandemia, vigora também neste momento em várias cidades), originou uma reconfiguração da vida urbana mais cingida à proximidade. Forma-se assim uma nova rede de espaços e de apropriações, definindo uma nova geografia do comum, na cidade.

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Perante esta redefinição, o espaço público torna-se também palco de novas tensões – entre público e privado, entre individual e coletivo. Se por um lado se limitam mobilidades e acessibilidades (p. ex. esplanadas de restaurantes que ocupam passeios), por outro lado, resgatam-se espaços com usos antes restritos (lugares de estacionamento convertidos em usos públicos, vias de circulação automóvel reduzidas para gerar ciclovias pop-up). Restringem-se espaços partilhados, mas são ativadas novas ações de cooperação.

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Neste contexto, colocam-se questões como: estaremos perante uma nova conceção de “público” e de “coletivo”? Com todas estas mudanças, será necessária uma nova tipologia de espaço público? 

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É um facto que a crise pandémica veio evidenciar problemas já identificados na cidade contemporânea (desigualdades territoriais, excesso de especialização de determinados setores urbanos e de infraestruturas rodoviárias, carência de espaços de descompressão). Não obstante, numa perspetiva mais otimista, a crise da Covid 19 permitiu acelerar processos com consequências benéficas para a cidade: possivelmente, muitas relações de trabalho mudaram (ou irão mudar) e a legislação poderá sofrer adequações, permitindo que a tecnologia possa ser aliada das relações entre empregador e empregado, resultando positivamente em aspetos como a mobilidade, meio ambiente e consumo de energia.

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A emergência Covid permitiu ainda testar situações e acentuou uma cultura de espaço público e de espaços ao ar livre (as varandas das casas finalmente valorizadas) funcionando como antídoto ao #stayhome.

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Contudo, paradoxalmente, estes últimos meses demonstraram também a força que as novas tecnologias e as redes sociais podem ter na definição de um novo espaço público, virtual. De resto, nos meses de confinamento, todas as atividades sociais aconteceram quase exclusivamente, através da internet. Foi “no ar”, no espaço intangível e sem forma das nuvens de bits, que se sucederam os “encontros” sociais. Foi por meio do espaço público virtual que identidades, significados e relacionamentos foram nutridos, articulados e representados.

Será este o futuro, distópico, do espaço publico? 

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Talvez ainda seja cedo para compreender o impacto da Covid 19 no espaço público (desenho, uso, apropriações), na cidade, quais das atuais mudanças e restrições vão permanecer após a pandemia e se inclusivamente a noção de público e de coletivo vai mudar. No entanto, muitas das suas consequências – negativas e positivas – podem já ser aferidas.

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Cidade em transição

Mas a pandemia não veio apenas evidenciar a importância do espaço público, ela veio também revelar outras formas de produção de espaço e outras formas de gerar vivências urbanas. Menos permanentes, menos físicas, decididamente menos desenhadas (ou pelo menos, menos desenhadas segundo os parâmetros da arquitetura e do urbanismo convencionais). Ocupações, intromissões, intervenções temporárias, anónimas, por vezes quase invisíveis e gerando espaços que já não necessitam de responder a formas e atividades codificadas, mas que simplesmente se prestam a práticas coletivas.

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Numa sociedade em que a permanência e a pertença se tornam menos importantes face às gerações anteriores, um pouco por todo o mundo temos vindo a assistir a novas modalidades habitacionais; espaços de co-working; mobilidade partilhada; formas alternativas de comércio; partilha de bens e serviços disponibilizados através de plataformas digitais; usos improvisados em espaços anónimos para práticas coletivas (ocupações em estruturas abandonadas; parques de estacionamento transformados em esplanadas ou galerias de arte; bombas de gasolina como lugares de encontro, lotes de agricultura urbana);... todos estes fenómenos vêm operar uma reescrita provisória dos espaços (tangíveis e intangíveis) que preenchem e um novo mecanismo funcional da cidade, configurando uma rede ténue, fragmentada e particularmente envolvida com as dinâmicas da vida pública.

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Irão estas transformações transitórias inspirar transformações permanentes? Que impactos terão estas abordagens em novas arquiteturas (novos programas, novas tipologias, novas ocupações, novas estéticas) e em novas formas de viver, planear e gerir o espaço urbano?

 

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In foco “Urbanólogo” 

Para debater todas estas complexidades contemporâneas, o projeto “Urbanólogo” irá promover, durante 2021, um dossier subordinado ao tema do espaço público, para o qual serão convocados académicos, profissionais, estudantes e intervenientes vários no processo urbano.

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Consideramos que os contornos deste debate estão apenas a emergir. Por isso, pretendemos lançar questões, ideias e conjeturas, mais que obter respostas. Observar abordagens inovadoras, explorar iniciativas e ações criativas. Aprender da prática, especular de forma sustentada e teorizar o possível.

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Alessia Allegri e Rita Ochoa

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