APSI, março 2023.
Viver a cidade é um enorme desafio para as crianças e adolescentes.
Há várias barreiras que impedem, parcial ou totalmente, o usufruto pleno do espaço público pelas crianças.
Uma das mais restritivas é a presença excessiva dos automóveis que, para além de ocuparam uma parte considerável do espaço público (vias de trânsito, locais de estacionamento), criam situações de risco de atropelamento devido à velocidade praticada perto de escolas e zonas residenciais e ao estacionamento abusivo (em cima de passeios, passadeiras) e anárquico (em segunda fila, fora de locais de estacionamento). Nos seus trajetos diários, é recorrente as crianças não terem passeios e zonas de atravessamento largos, visíveis e livres de obstáculos nos quais se possam deslocar em segurança, de forma autónoma e à conversa com os seus amigos.
O próprio desenho do espaço público não acomoda as suas necessidades e desejos. As crianças mais pequenas pedem espaços verdes e zonas para brincar e as mais velhas locais para se sentar e conversar. Nem sempre é fácil proporcionar às crianças e adolescentes estas oportunidades até porque os próprios adultos não se revêm, nem sentem segurança ou conforto, neste espaço.
Foi com estes obstáculos e necessidades em mente que a APSI, Associação para a Promoção da Segurança Infantil, promoveu a criação de um consórcio do brincar - denominado Brincapé - coliderado em parceria com a associação 1,2,3 Macaquinho do Xinês e no âmbito do qual cocriou, e encontra-se a validar, o Manual Rua é Saúde - boas práticas para o espaço público das crianças.
Este, que conta com a colaboração da Estrada Viva, Bicicultura e Junta de Freguesia de São vicente, pretende desafiar as comunidades e as autarquias a olhar para o espaço público de uma maneira diferente, avaliando e percebendo o potencial que este oferece em termos de brincadeira e lazer, mobilidade e acessibilidade e participação e inclusão.
Afinal, para que as crianças possam viver a cidade em pleno, é necessário que o espaço seja delas!! Que proporcione oportunidades de brincar, de encontro com os amigos, de andar a pé e de bicicleta e que permita um usufruto da "rua" de forma natural e participada. Fica o desafio para o tentarem pôr em prática!
Manual Rua é Saúde. Uma iniciativa com o apoio do BIP ZIP/CML.
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