Nuno Oliveira
Lisboa: Mundos Sociais,2020
Este livro discute as mais recentes abordagens sobre a diversidade cultural, quer na sua vertente teórica quer prática e política, oferecendo elementos de reflexão sobre quadros analíticos que não têm sido suficientemente explorados no contexto português. Começa por oferecer uma resenha de um leque variado de teorias tais como a interseccionalidade, a superdiversidade, a convivialidade, as fronteiras étnicas, e os regimes de incorporação, iluminando, no final de cada capítulo, insuficiências e limites que nelas podem ser ressaltados.
Um eixo percorre, no entanto, esta crítica: a rejeição de noções essencializadas de etnicidade e o seu correlato conceito de identidade. Qualquer das teorias aqui revistas procura problematizar a diversificação da diversidade em cenários sociais de complexificação e negociação cultural. Subsequentemente, o texto aborda os dois regimes paradigmáticos de incorporação da diversidade cultural nas sociedades contemporâneas: o multiculturalismo e, no processo da sua superação, o interculturalismo. Estreitamente associada a esta transição, argumenta-se, está a centralidade da escala local para os processos de acomodação da diversidade, com o privilegiar, teórico e político, dos espaços urbanos locais. Por conseguinte, os últimos capítulos analisam as novas formas de conjugação entre diversidade migratória e desenvolvimento urbano, salientando a importância estratégica que a primeira tem assumido nas agendas económicas das cidades globalizadas. Como é que a diversidade cultural, decorrente de uma multiplicidade de fluxos migratórios e mobilidades transnacionais, tem integrado as estratégias desenvolvimentistas das cidades e dos seus processos de cosmopolitização? Finalmente, sugerimos que o interculturalismo é o modelo de incorporação ajustado às novas configurações da governança urbana ilustrando, para esse efeito, com os estudos de caso de Lisboa e Buenos Aires.
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