Víctor Sousa Lopes
Editora Âncora, 2020
Quando a guerra começa, Portugal opta pela neutralidade. Mas as referências aos planos alemães para a ocupação de Gibraltar prevêem uma invasão ao nosso país, caso esteja iminente um desembarque aliado na costa portuguesa. É pois perante esse quadro de perigo bem presente, que o Governo Português, preocupado com a segurança global da população, e com o objectivo de preparar Lisboa para a guerra, prevendo ataques aéreos, estabelece os exercícios de protecção civil, tais como a criação do Serviço de Defesa Passiva Antiaérea, a obrigatoriedade dos proprietários e inquilinos a defender-se da projecção de estilhaços protegendo os vidros das janelas e das montras, promover acções de Defesa Civil em todos estabelecimentos fabris, de ensino, oficiais ou particulares, proteger com sacos de areia e tabiques monumentos importantes, entre outras acções. E assim ia o quotidiano da cidade, entre dificuldades de abastecimentos, açambarcadores, especuladores e mixordeiros, no cinzento dos dias, com gasogénios nos automóveis, blackouts experimentais e tiras de papel coladas nas vidraças.