Sofia Santos
Mundos Sociais, 2019
Nas últimas décadas vem-se observando a diversificação das deslocações das pessoas no dia a dia da Área Metropolitana de Lisboa. As origens, os destinos, os ritmos ou os motivos das deslocações são múltiplos. Uma maior diversidade não esconde, contudo, a prevalência de estruturas desiguais, com a acumulação de vantagens ou, pelo contrário, de factores de periferização face ao tecido social e urbano. A sinalização das desigualdades territoriais, de
rendimento, género ou de idade, entre outras, reforça a necessidade de olhar com mais atenção para as possibilidades que se disponibilizam às pessoas e para a forma como são apropriadas na mobilidade de todos os dias.O estudo da mobilidade geográfica do ponto de vista das ciências sociais cresceu de forma consistente nas últimas décadas. Neste livro discute-se a interacção entre território e sociedade a partir da mobilidade das pessoas no espaço, em particular no que diz respeito à reprodução de desigualdades na Área Metropolitana de Lisboa (AML). Como ponto de partida duas questões centrais: De que forma as mobilidades — práticas e representações — acompanham as dinâmicas de desigualdade social? E em que medida integram lógicas de distinção social e de pertença identitária? Recorremos à análise estatística para identificar as grandes tendências nas deslocações casa-trabalho na AML e a entrevistas para aprofundar como são vividas estas deslocações, como se interpretam e se decidem. Esperamos sobretudo que este livro alimente a imaginação sociológica sobre o território e outras leituras multidimensionais sobre a mobilidade geográfica, contribuindo para uma melhor identificação dos grandes bloqueios a uma mobilidade mais justa na Área Metropolitana de Lisboa.